quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Ceará pode perder 448 profissionais sem os médicos cubanos


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A cobertura de atendimento médico na cidade de Monsenhor Tabosa (a 311 km de Fortaleza) só foi possível depois do Mais Médicos. Lá, dos nove profissionais do programa, sete são cubanos: quatro na cidade e três nos distritos indígenas. "Agora não sei o que fazer diante dessa situação", explica Celi Bezerra Saraiva, titular da Secretaria da Saúde do município. Ela se refere à decisão do governo cubano que informou ontem a saída do programa Mais Médicos do Brasil após declarações "ameaçadoras e depreciativas" do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). 
No Ceará, 118 municípios serão atingidos. De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), no mês de outubro havia 1.229 profissionais no Ceará pelo Mais Médicos. Desse total, 448 são cubanos, a maioria atuando em áreas de vulnerabilidade, reservas indígenas e distritos distantes. É o caso de Tucunduba, distrito de Caucaia. Lá, o posto de saúde conta com uma profissional do programa. "É uma médica que realmente observa o paciente, examina bem", afirma a auxiliar operacional Emery Forte, 29, que esta semana chegou a buscar atendimento. Ela acredita que a mudança pode complicar bastante no atendimento de saúde local. "As pessoas hoje conseguem ter acesso a uma profissional excelente, todos os dias, sem precisar ir ao centro de Caucaia (distante 24 km)".
Cuba tomou a decisão de solicitar o retorno dos 8.332 médicos que trabalham hoje no Brasil depois que Bolsonaro questionou a preparação dos profissionais e condicionou a permanência "à revalidação do diploma", além de ter imposto "como via única a contratação individual".
O Mais Médicos tem 18.240 vagas em 4.058 municípios ? cobertura de 73%. Quando são abertos chamamentos para o programa, a seleção segue ordem de preferência: médicos com registro no Brasil (formados em território nacional ou no exterior, com revalidação do diploma no País); médicos brasileiros formados no exterior; e médicos estrangeiros formados fora do Brasil. Após as primeiras chamadas, caso vagas não sejam ocupadas, os profissionais de Cuba são convocados.
Para Juliana de Paula, doutora em saúde global e sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), a retirada abrupta dos médicos cubanos acarreta numa série de problemas. A situação é vista como "um dos maiores golpes à saúde brasileira". "Isso vai resultar em atendimentos inacabados, agravamento de casos que estavam sendo acompanhados", afirma.
O Ministério da Saúde, em nota, informou que "tranquiliza a população que adotará todas as medidas para que profissionais brasileiros estejam atendendo no programa de forma imediata". 

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